Oh, longa espera...
Que desespera
Que amofina
Crueldade que minhas forças, mina
Espero uma dádiva divina
Que conforte minha alma
Que me faça sentir teu perfume
Tal qual uma rosa delicada e fina
Ou que corte de vez
Este fino cordão que nos une...
Oh, longa espera...
Que me levará ao paraíso
Ou ao inferno
Que me trará o verão
Ou as agruras do inverno...
Sofro calado
A angústia desta desventura
Que alojou-se no meu íntimo
Que provoca dor e amargura
Pois sinto-me ínfimo e nu
Diante de tal sentimento desabrochado e cru
Ai, o tempo...
É como o vento...
Tem-se o início, mas não o fim
Natureza volátil, indescritível, incontrolável
Tal qual pensamento de mulher
Misteriosa, enigmática, maleável...
Jamais saberei o que quer
Mas esperarei sempre a dádiva do sim...
Reflito, aflito
Culpo-me, recrimino-me
Seguro o grito que rasga,
Que fere o meu peito
Que invade minha paz feito praga
Que me deixa sem jeito...
Sou incompreendido, ignorado, seduzido?
(É o furor da paixão que sinto incontido}
Corroe minha razão
A cada dia que passa
Pela incerteza de tudo
Neste turbilhão que me arrasta...
Oh, longa espera...
Para demonstrar, para amar, para pedir
Um sorriso, uma graça
Receber um beijo sem medir
O tempo que passa
Ou ficar na eterna ilusão
De que tudo não passa
De um momento...
Que, com a ausência e a distância
O tempo apaga...
Serás tu
Apenas Marília?
E eu...
Um platônico Dirceu?