A pálida laranja, suco gasto,
Não mais a sobremesa do repasto
Nem o prévio e gostoso aperitivo.
Metade de mim é o que inda espero:
O convexo perfeito e sem desnível
No côncavo que sou, apetecível;
O Yang no meu Yin, com esmero.
Sob a casca que enruga ao tempo austero,
Sou polpa que arrefece ao estio que escapa,
E só minha esperança, não farrapa,
Aquece os gomos doces que lidero.
Metade de mim é o que hoje vivo,
E minha outra metade é o que espero!
Carmo Vasconcelos