A PRIMEIRA

Depois, que a festa acabar, e todos se forem: eu prometo esquecer você.
Quando, o pianista, cansar de dedilhar amadoramente as peças de Mozart, e se arriscar nas composições de Wagner: eu juro não lembrarei mais das suas feições delicadas, e o nariz adunco herança genética da sua avó peruana.
Ao amanhecer vou caminhar na areia á beira mar.Vou molhar os pés na água ainda fria,e vou soletrar mentalmente seu nome; quero que apareça no céu como um placar colorido, como nos jogos de futebol. Isso porque eu queria que todos soubessem, que eu tento esquecer você.
Já, não sinto mais o perfume dos seus cabelos, na minha nuca, e não tenho mais as marcas das suas unhas no peito. Esqueci o gosto do seu beijo; esqueci, que a sua voz tem o timbre mais sexy que, já ouvi, não quero mais nunca mais, ouvir seu nome por aí.
Se eu finalizar o meu 25º livro em abril: eu vou te esquecer.Porque todas as palavras, e versos que escrevo foram sobre nós dois.Até lá: eu, já mudei a cor das paredes da casa, e me casei pela 10º vez, sempre sem lembrar o sobrenome paterno da noiva. No entanto, decorarei o nome de todos filhos que tiver.
Eu passei noites enfurnado em motéis imundos; viajei o mundo todo tendo a solidão, como companheira. Porque, desde que você se foi eu me sinto só?.
Procuro seu corpo e, continuo a procura-lo em todos, que visitei. Sua boca, sua língua seu colo macio, seus seios seus sussurros, sua respiração. Eu nunca mais fui o mesmo, eu errei em tentar esquecer você em outras mulheres, em outros homens.
Eu nunca mais fui o mesmo, pois vivo perseguindo sua imagem pelas esquinas.Procuro seu rosto nas vitrines, ouço sua voz ao invés dos ruídos urbanos.
Eu sempre fui louco por você! Eu posso enlouquecer se não vê-la mais!Eu prometo, que, hoje, só hoje, por alguns segundos, enquanto eu tragar meus charutos, e beber demoradamente um copo da cachaça, que meu filho trouxe de Minas de sua última excursão: eu não vou pensar, nem lembrar de nós dois naquele banheiro em ruínas.Lembra Cuba 1988?
É, quando escrevo, que esqueço.É verdade! Algumas frases sem sentido acabam enfileiradas uma a uma, como soldadinhos de chumbo, na tela do meu laptop
Eu procuro me inspirar lendo os versos da tragédia do Fausto de Goethe, obra, que você lia em voz alta emaranhada na sua manta de tricô. (..) Tomara ser passarinho.para ir ter onde eu desejo;depressa formara as asas,que as penas são de sobejo(..).
Será que você já me esqueceu? Eu posso te esquecer, se você me esquecer.
Se, você ainda me ama, ao menos disse que me amava.Eu tolamente acreditei e, mergulhei nas suas mentiras: eu posso perdoa-la.
Eu te amei muito, como jamais amei alguém.
Eu te amo como nunca me amei
Eu te amo mais que amei a mim mesmo
A amo mais, que aos meus filhos
Eu posso me esquecer, mas jamais a esquecerei

Angélica Rizzi

Amigos

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