Carta da vovó

Amada Andressa, não sei como dirigir-me a um ser pequeno, que ainda encontra-se protegido do mundo por uma parede. Mas talvez com a combinação do amor e a simulação de um diálogo através do pensamento, eu consiga falar-te com a linguagem dos anjos!

Talvez até possamos brincar por telepatia! Eu brinco de faz-de-conta que entendo melhor da vida, porque já estou com crédito de tempo para ser vovó, e tu brincas de uma quase eternidade, pois afinal de contas nem tiveste tempo ainda de aprender o que é o tempo, afinal e, certamente, na tua concepção de tempo, tens ainda todo tempo pela frente!

Mas eu estou pedindo ao Papai do Céu que me deixe pertencer a este mundo junto contigo por um bom tempo. Quero ser mais do que alguma fotografia e alguns livros poéticos que escrevi, e adoraria poder descobrir muitos novos poemas na inocência dos teus olhinhos!
Gostaria de ter a certeza de que vais compreender todas as lições que o amor é capaz de ensinar, e de que vais superar os mestres!
Gostaria de ser um dia, em tuas lembranças, como uma tarde muito clara, iluminada pela energia dourada do Sol.

Gostaria de ser em tuas recordações, uma vovó moderna, mas que deixava de lado o computador e sentava contigo em algum pedaço de natureza, visitado pelos pássaros e pelas borboletas, te vendo brincar e sorrir.
Uma vovó que, mesmo em época de alucinante evolução tecnológica, sabia tricotar... Sabia também tecer histórias para colorir as tuas fantasias de criança, e desenrolar junto contigo novelos de ternas palavras e de virtudes!

Lúcia Barcelos
04/05/2011
(Para minha netinha que está quase chegando)


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